Na festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, renovemos a nossa esperança na família
"A Sagrada Família também conheceu a precariedade, o medo e a fuga. Mas também viveu a vida de fé dentro de casa. Esses acontecimentos nos lembram que, sem a presença de Deus, a família não tem fundamento, porque falta o essencial, que é o amor".
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Neste último domingo do ano, que está para terminar, celebramos a festa litúrgica da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. E celebraremos o encerramento do Ano Jubilar – o “Jubileu da Esperança” – nas Dioceses de todo o Brasil.
Como Povo de Deus a caminho e “peregrinos de esperança”, tivemos a graça de viver e participar do “Jubileu da Esperança”, dentro de uma extensa programação, também na nossa Diocese. Ele nos ajudou a ver os desafios, a vocação e a missão dos discípulos do Senhor Jesus no nosso tempo, num mundo marcado por contradições, que muitas vezes se opõem aos valores do Evangelho. Ele nos ajudou a ver a importância de sermos “peregrinos de esperança”, num mundo que facilmente se deixa dominar pelo egoísmo e pela indiferença, dando a impressão de querer apagar a chama da esperança no coração do Povo de Deus a caminho, deixando-o desorientado quanto ao caminho que deve seguir, como fiel discípulo de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
Neste último domingo do ano, quando celebramos a festa litúrgica da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, não podemos deixar de lembrar dos valores da família, da nobreza do amor humano. Como cristãos, devemos compreender que a família não deve ser destruída, mas regenerada e fortalecida na dimensão do amor de Deus, vivido no matrimônio e na família, como sinal sacramental do amor esponsal. No mundo hodierno é difícil também manter-se fiel à dignidade natural da família, seguindo a ótica do individualismo. No entanto, tudo poderia ser mais simples na vida familiar, se as três palavras lembradas pelo Papa Francisco como “palavras chaves” para viver em paz e na alegria em família, fossem praticadas: “com licença, obrigado, desculpa”.
Quando em uma família, se é capaz de respeitar o espaço do outro e se é capaz de pedir “licença”; quando em uma família, não se é egoísta e se aprende a dizer “obrigado”; quando em uma família, um se dá conta de que fez alguma coisa errada e tem a humildade de saber pedir “desculpas”; então na família vai existir a paz e a alegria. A alegria de estar juntos, de sentir a ternura e o amor de um pai e de uma mãe num simples abraço, que traz para o coração a dimensão do amor e da misericórdia do Pai.
Como tantas famílias do nosso tempo, a Sagrada Família de Nazaré também conheceu a precariedade, o medo e a fuga do perigo. Mas também viveu a vida de fé dentro de casa, na peregrinação ao templo e participando nas festas. Maria e José, como tantas mães e pais do nosso tempo, também viveram as preocupações e o desânimo pela perda do Filho Jesus. Mas também provaram alegria e consolo por tê-lo encontrado, ocupando-se das coisas do Pai. Esses acontecimentos nos lembram que, sem a presença de Deus, a família não tem fundamento, porque falta o essencial, que é o amor.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul


